sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dr. Ben Carson fala sobre educação contra o aborto

Vários anos atrás, fui consultado por uma mulher jovem que tinha 33 semanas de gravidez e estava a caminho de Kansas para fazer um aborto. Eu informei a ela das várias opções disponíveis para além do aborto, e ela decidiu ir adiante com a gravidez, ainda que a criança tivesse hidrocefalia e fosse precisar de uma intervenção neurocirúrgica algumas semanas após o nascimento. Ela manteve o bebê e ama a criança linda que ele se tornou.

Um par de décadas atrás, eu vim para a unidade pediátrica de cuidados intensivos em jornadas matinais e me contaram de uma menina de quatro anos que havia sido atropelada por um caminhão de sorvete e estava em coma, exibindo pouca função neurológica à exceção de pupilas reativas. Eu testei seus reflexos pupilares, e ambas as pupilas estavam fixas e dilatadas.

A equipe me indicou que isso era algo que devia ter acabado de ocorrer. Eu agarrei a cama e, com alguma ajuda, transportei a menina rapidamente para a sala de cirurgia para uma craniotomia de emergência. Esbarrei no caminho com um neurocirurgião sênior, que me disse que eu estava perdendo meu tempo e que, na melhor das hipóteses, poderíamos acabar com alguém em estado vegetativo.

Mesmo assim, concluímos a operação e, alguns dias depois, suas pupilas ficaram reativas, e ela acabou saindo do hospital. Eu a vi alguns anos atrás andando pelo hospital com a sua própria filha de quatro anos. Ela estava neurologicamente totalmente intacta e me disse que havia se tornado uma espécie de celebridade em função da experiência que acabo de relatar.

O que essas duas histórias têm em comum? Ambas envolvem vidas preciosas que poderiam facilmente ter sido descartadas.

Toda a minha vida profissional foi dedicada a salvar e melhorar vidas. Assim, a ideia do aborto por razões de conveniência não me atrai. Eu conheci pessoalmente várias pessoas que me disseram que suas mães chegaram a considerar a ideia do aborto, mas felizmente decidiram rejeitá-la.

A maioria de nós instintivamente quer proteger criaturas indefesas e às vezes não mede esforços para fazê-lo. Os comerciais de televisão sobre animais que sofrem abusos são pungentes e, como sociedade, às vezes atrasamos ou cancelamos grandes projetos de construção para proteger um inseto, anfíbio ou peixe que estejam “em perigo”. No entanto, muitos de nós fazem vista grossa para a matança desenfreada de milhões de bebês humanos indefesos, que são muito mais sofisticados do que algumas das outras criaturas, quando nada está em jogo além da conveniência de um ou de ambos os pais.

Não estou dizendo que devemos abandonar nossos esforços para salvar filhotes de focas e uma série de outros animais. Eu estou dizendo: Não devemos considerar adicionar fetos humanos e bebês à lista?

Assistir ao desenvolvimento do feto humano é inspirador. Em menos de três meses a partir da concepção, os pequenos pés e mãos são bastante reconhecíveis, e diversas características faciais fazem deles fofos, ainda que muito pequenos. Desde o primeiro dia, os neurônios do cérebro estão se proliferando em uma taxa que vai render um escalonamento de 100 bilhões de neurônios até o nascimento. Em questão de nove meses desde a concepção, temos um ser humano que vive, respira, come, emite sons e que apenas dois meses mais tarde se torna interativo socialmente.

Algumas pessoas se opõem a que as mulheres grávidas vejam imagens de ultrassom de seus bebês em desenvolvimento, porque elas não querem que seja desenvolvido um vínculo emocional. Uma contemplação cuidadosa e imparcial, no entanto, pode levar à conclusão de que tal vínculo é essencial para a sobrevivência da humanidade. Agricultores de sucesso nutrem e protegem suas colheitas em crescimento, e se as condições ameaçam suas colheitas, eles fazem o que é necessário para protegê-las. Ao invés de atacar a analogia, pense no quão mais preciosa que um pé de milho é uma vida humana.

É importante tentar compreender o estado emocional de mulheres jovens que procuram um aborto. Em vez de julgá-las e condená-las, precisamos oferecer compaixão e apoio. Elas precisam ser providas de acesso fácil a serviços de adoção e informações sobre a assistência disponível a elas, caso elas decidam ficar com o bebê. Eu visitei muitas instalações aquecidas e convidativas em todo o país, que existem apenas para o propósito de ajudar essas jovens.

É igualmente, senão mais, importante chegar a essas mulheres jovens antes que elas engravidem. Esqueça aquelas pessoas politicamente corretas que dizem que todos os estilos de vida são iguais, e informe a essas jovens sobre as verdadeiras consequências de ter filhos fora do casamento, sem ser financeiramente independentes. Precisamos fazer com que elas entendam que podem proporcionar uma vida muito melhor para si e para seus filhos quando planejam com antecedência e se valorizam de forma adequada.

Como uma sociedade, nós não podemos ter medo de discutir questões sociais e morais importantes. Nossa herança como nação é construída com base em compaixão, perdão e compreensão. Coragem também é de vital importância, porque aqueles que permanecem com princípios e valores divinos serão atacados.

A tentativa de caracterizar o amor e a compaixão para com a vida humana como uma “guerra contra as mulheres” é enganosa e patética. Nós, o povo, devemos parar de nos deixar ser manipulados por aquelas pessoas com agendas que não incluem o respeito pela santidade da vida. [...]

Pense sobre isso: quando uma mulher está grávida, o que acontece? As pessoas se levantam e lhe oferecem seus lugares; elas saem do caminho e dizem “você, primeiro”. Há um grande respeito e amor por mulheres grávidas. Não há guerra contra elas; a guerra é contra os bebês delas. Essa é a guerra que há. Bebês que não podem se defender sozinhos. Ao longo das últimas décadas, destruímos 55 milhões deles. E temos o descaramento de chamar outras sociedades do passado de pagãs. O que precisamos fazer é reeducar as mulheres para que elas entendam que são as defensoras desses bebês, não as destruidoras desses bebês. Precisamos que elas entendam isso. [...]

Há um monte de pessoas que diz: “Concordo com você. Eu acho que é errado, e eu nunca faria um aborto, mas eu acho que não tenho o direito de impor meus sentimentos aos outros.” Essa pode ser a resposta de muitas pessoas, mas suponha que os abolicionistas tivessem pensado assim nos séculos XVIII e XIX. Suponha que eles tivessem dito: “Eu não vou possuir escravos. Eu realmente acho que a escravidão é errada, mas, se você quiser ter os seus, tudo bem.” Se os abolicionistas tivessem tido essa atitude, onde estaríamos agora? Temos que lidar com essas grandes questões morais, e o aborto é uma questão importante para a nossa geração. Você não pode simplesmente enfiar sua cabeça na areia.